A oposição se desdobra a partir desta segunda-feira sobre 30 quilos de documentos. São atas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), contratos de empresas do setor aéreo, petições de advogados, entre outras informações.
O material foi deixado, na semana passada, pela ex-diretora da Anac, Denise Abreu, depois de dar explicações na Comissão de Infra-Estrutura a respeito de suas acusações sobre a cúpula do governo ter interferido na venda da Varig e Varig Log. A análise dos dados pode levar os oposicionistas a fecharem o cerco contra a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e até mesmo definirem se pedem ou não a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a negociação com o fundo norte-americano Matlin Patterson e os três sócios brasileiros.
Na quarta-feira, a comissão ouve Roberto Teixeira, amigo do presidente Lula, e os três sócio brasileiros da Matlin Patterson, Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel. Nenhum ainda confirmou presença. O Palácio do Planalto torce para que Audi e Teixeira não compareçam. Denúncias dão conta de que Teixeira, representante no País do fundo norte-americano teria influenciado o governo a aprovar a venda da Varig para a Varig Log, e, posteriormente, para a Gol. O escritório do advogado também é apontado como o principal responsável pela formulação do arcabouço jurídico que resultou na concretização do negócio, estimado em cerca de US$ 320 milhões.
Na avaliação da oposição, se houver artilharia nos depoimentos, a saída é partir para o ataque.
- A nossa cautela neste episódio continua. Só vamos para a guerra quando tivermos certeza de que podemos chegar a algum lugar. Não vamos dar mais um tiro no escuro - diz o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).
Para os governistas, não há motivos para se falar em CPI nem para continuar as investigações na Comissão de Infra-Estrutura.
- Essa discussão não tem argumentos técnicos, portanto não se sustenta. A oposição tem que reconhecer isto e deixar de lado seus interesses eleitorais - argumenta o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
O caso Varig também começa a fazer barulho na Câmara. A estratégia da oposição no salão verde é outra. Por lá, tucanos e democratas querem fechar o cerco à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff votando dois requerimentos - um na Comissão de Fiscalização e Controle e outro na Comissão de Desenvolvimento Econômico - convocando-a para dar explicações sobre as denúncias de que pressionou Denise Abreu na venda das companhias aéreas.
Fonte: Jornal do Brasil