SÃO PAULO (Reuters) - O fundador da norte-americana JetBlue Airways anunciou nesta quinta-feira a criação de uma nova companhia aérea no Brasil, que começa a operar ano que vem, e um acordo com a Embraer para a compra de 36 jatos, em contrato de 1,4 bilhão de dólares a preços de tabela.
David Neeleman, revelou nesta quinta-feira planos para uma nova companhia aérea, de baixo custo, que terá frota inicial de três jatos Embraer 195 e deve estar pronta para operar no início de 2009. Após três anos de funcionamento, a expectativa é que a nova empresa acrescente um novo avião por mês à sua frota e tenha um total de 76 aeronaves após cinco anos.
"O Brasil é um país que precisa de mais competidores e um tipo diferente de competidor", disse Neeleman a jornalistas durante o anúncio da empresa. "Acreditamos que as passagens são muito caras no Brasil. É hora de reduzir os preços para permitir que mais pessoas voem."
Pelo contrato assinado com a Embraer, o pedido de 36 jatos modelo 195 poderá ser ampliado em 40 unidades se 20 opções e 20 direitos de compra forem exercidos. Com isso, o valor do acordo pode chegar a 3 bilhões de dólares a preços de tabela.
Os jatos 195 comprados pela empresa de Neeleman serão configurados em classe única para 118 passageiros. Os assentos serão em couro e distribuídos em pares de cada lado da cabine, sem "assentos do meio", informou a Embraer. A primeira unidade será entregue ainda este ano.
"Ninguém gosta dos assentos do meio", disse o empresário.
Assim como a JetBlue, companhia aérea norte-americana voltada para o segmento de baixo custo que Neeleman fundou em 1998, a nova empresa brasileira oferecerá tarifas mais baixas e usará uma estrutura de rotas ponto-a-ponto que transporta os passageiros de uma cidade à outra sem escalas.
A nova companhia enfrentará concorrência da TAM e do grupo Gol, que juntos comandam cerca de 90 por cento do mercado doméstico de aviação brasileiro.
Mas com o crescimento da economia do país e expansão das viagens aéreas anualmente num ritmo na casa dos dois dígitos, Neeleman aposta que há espaço para uma nova empresa num mercado no qual os passageiros possuem poucas opções e onde as passagens tendem a custar 50 por cento mais do que nos Estados Unidos.
Neeleman disse que a empresa, que ainda precisa de aprovação do governo, tem como objetivo oferta de vôos para cidades pouco atendidas e localizadas fora de centros congestionados como São Paulo e Rio de Janeiro.
PIONEIRO
Neeleman, 48, possui um longo histórico na indústria aérea nos Estados Unidos. Ele começou vendendo pacotes turísticos para o Havaí na época que estudava na faculdade, antes de fundar a companhia aérea Morris Air em 1984.
Em 1993, ele vendeu a Morris para a Southwest Airlines por 22 milhões de dólares em ações. Cinco anos depois, ele fundou a JetBlue, cujo modelo de negócios de baixo custo e oferta de algumas regalias aos passageiros (como televisão ao vivo e assentos de couro) ajudou a redefinir as viagens aéreas.
Como nasceu no Brasil, Neeleman não se enquadra em uma lei que limita a 20 por cento a propriedade de companhias aéreas nacionais por estrangeiros. Ele foi criado nos Estados Unidos, mas retornou ao Brasil como missionário mórmon, uma experiência que o ajudou a aperfeiçoar seu português.
Em maio de 2007, Neeleman foi afastado do cargo de presidente-executivo da JetBlue depois que uma interrupção no serviço deixou milhares de passageiros impossibilitados de viajar e custou à empresa mais de 30 milhões de dólares. Desde então, ele ocupa o cargo de presidente-não-executivo.
Fonte: O Globo