onte: Gazeta Mercantil
O Comando da Aeronáutica encomendou à Embraer um estudo sobre a possibilidade de desenvolvimento de um novo avião de patrulha marítima, que substituirá, num prazo de 15 anos, a frota de P-3 Orion, atualmente em fase de modernização.
Segundo o comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos da Silva Bueno, os jatos Embraer 190 e 195, com capacidade para transportar de 100 a 110 passageiros, foram incluídos nesse estudo e são a opção mais provável para a nova geração de aeronaves de patrulha marítima da Força Aérea Brasileira (FAB).
Os estudos iniciais para o desenvolvimento desses aviões, de acordo com o comandante Bueno, estão sendo coordenados pelo Estado Maior da Aeronáutica, que, junto com a Embraer, criará um grupo de trabalho encarregado de elaborar as especificações técnicas do novo avião.
O vice-presidente executivo da Embraer para o Mercado de Defesa, Romualdo Monteiro de Barros, disse que a empresa estaria à disposição do Comando da Aeronáutica, mas que não comentaria nada sobre o projeto das novas aeronaves.
P-99 rejeitado
Na época em que a FAB decidiu modernizar a frota de P-3 usados, que adquiriu da Força Aérea dos Estados Unidos, a Embraer ofereceu o modelo P-99, baseado na plataforma do jato ERJ-145, como uma alternativa para as missões de patrulha marítima.
O modelo já é utilizado pela Aeronáutica no projeto Sivam, em missões de vigilância terrestre e sensoriamento remoto. A proposta da Embraer, no entanto, segundo Bueno, não foi aceita porque o modelo P-99 não atendia os requisitos definidos.
"Precisávamos de um avião maior e com mais autonomia. Acredito que a plataforma do jato Embraer 190 ou 195 poderá atender a Força Aérea Brasileira (FAB) futuramente", afirmou.
Os modelos também estão sendo avaliados pelo exército americano, no contexto do Programa Aerial Common Sensor (ACS), em substituição ao ERJ-145, que também não atendeu às especificações do projeto por restrições de peso e autonomia.
"Acredito que o Embraer 190 tem todas as chances de ser escolhido pelo governo dos EUA", disse. O exército americano, porém, segundo fontes do mercado de defesa internacional, estaria avaliando outras opções de aeronaves, como o modelo Gulfstream 550 e o Boeing 737.
A Embraer foi incluída no programa ACS pela Lockheed Martin, líder do consórcio vencedor do contrato de desenvolvimento da nova geração de sistemas de vigilância de campos de batalha. O contrato envolve o fornecimento de 38 aviões, ao longo de 20 anos.
O governo da África do Sul, segundo Bueno, também está interessado no jato Embraer 190 como futura plataforma para emprego em missões de patrulha marítima e ofensivas contra submarinos.
A Embraer já acumula experiência no desenvolvimento desse tipo de aeronave, com o modelo P-99.
"Temos uma urgência em garantir a cobertura dos sete mil quilômetros de costa marítima e o patrulhamento de 6,4 milhões de quilômetros quadrados dentro da área oceânica sob a jurisdição brasileira para missões de busca e salvamento", disse o comandante da Aeronáutica.
O primeiro P-3 modernizado será entregue à FAB em agosto de 2008 e o último em 2010. O contrato de modernização está avaliado em US$ 298,7 milhões.
Segundo a Aeronáutica, 16 países operam hoje cerca de 420 aeronaves P-3 em missões de patrulha marítima. O P-3 tem autonomia para operar até 16 horas em vôos a baixa altitude e transportar, além da tripulação, cerca de 10 toneladas de armamentos, o equivalente a duas aeronaves Bandeirante de Patrulha, usadas hoje pela FAB.
Mirage
O comandante da Aeronáutica disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinará ainda este mês um memorando de entendimento com o governo da França, visando a compra de 12 aviões Mirage 2000 usados. O acordo será formalizado no próximo dia 14, durante visita do presidente Lula à França.
A compra dos aviões está avaliada em US$ 60 milhões. "Não posso dar detalhes sobre valores, mas a proposta dos franceses equivale a metade do que nos ofereceram os russos e muito mais baixa ainda do que a dos suecos, com o leasing dos caças Gripen", disse.
Os Mirage oferecidos pelos franceses, segundo Bueno, ainda estão sendo utilizados pela Força Aérea daquele país e serão entregues ao Brasil revitalizados.
O Ministério da Defesa em conjunto com o Comando da Aeronáutica já vinha estudando a compra de caças usados como uma solução temporária para resolver o problema dos velhos Mirage III, que serão desativados até o final deste ano.
O programa FX, que prevê a compra de caças novos de última geração, segundo o comandante, não está cancelado. "A compra desses aviões foi temporariamente adiada", afirmou.