Foi o mais radical aeroporto de todos os tempos, a mais dramática aproximação para pouso de toda a aviação comercial.
Encravado no meio de uma das mais fascinantes cidades do mundo, Kai Tak foi sem dúvida, o mais inesquecível de todos os aeroportos comerciais. Foi, porque no dia 05/07/98, Kai Tak recebeu seu último vôo regular. A cidade de HKG passou a ser servida pelo moderníssimo aeroporto de Chep Lap Kok, distante do centro e a este ligado por uma via expressa moderníssima. Vamos conhecer de perto essa história.
As fotos que sempre vi em livros, de aeronaves em curvas fechadas sobre as montanhas do sul da China, aguçaram meu desejo de um dia ir até Hong Kong e conhecer o famoso aeroporto.
Kai Tak situava-se no fundo de uma baía rodeada de montanhas, que obrigavam as aeronaves em aproximação para a pista 13(a mais usada) a executar uma manobra radical nos últimos instantes do vôo, sobre a densamente habitada região de Kowloon. As tripulações assumiam neste ponto a pilotagem e executavam manualmente os últimos segundos de vôo, uma experiência inesquecível tanto tripulantes como passageiros.
IGS, o sistema único de Kai Tak
Ajudando na manobra, existia um sistema baseado no ILS padrão, o IGS, ou Instrument Guidance System: este levava as aeronaves com segurança até o Marcador Médio, situado à apenas 1.8 milhas do ponto de toque ideal na pista. A partir daí, os pilotos tinham de efetuar uma curva de 47° à direita para alinhar na pista e prosseguir visualmente num vôo rasante sobre casas e apartamentos.
Para auxiliar as tripulações em dias de baixa visibilidade, foi tomada a precaução de se pintar um gigantesco "xadrez" no morro imediatamente à frente da pista, para melhor visualização dos pilotos e para evitar o contato de uma ponta de asa ou nariz com o terreno. O morro passou a ser chamado de Checkerboard Hill.
Chegou a minha vez.
Pousei em HKG no dia 4 de janeiro de 1997, à bordo de um 747-400 da United, por volta das 20:00 horas. No dia seguinte, fui para o estacionamento do aeroporto às 06:00, vendo o dia nascer e fotografando as primeiras chegadas. Encontrei alguns spotters europeus, e com eles fui para um excelente local para fotografia, no meio da cidade: tratava-se da escada de incêndio externa de um prédio residencial de Kowloon, onde fiz a maioria das fotos que você encontra no jetsite.
Chegando lá, no oitavo e último andar, constatava-se ser este o "point": as paredes estavam cheias de grafittis de spotters do mundo todo, com seus nomes e países de origem. E em alguns casos, até os nomes das companhias aéreas.
By. Lauro